Separação de resíduos? É preciso ser Smart
De visão computacional e inteligência artificial se faz o Sentinel Smart Sorting. Um sistema automático de separação de resíduos com uma câmara que, ao ver para além do olhar comum, dá indicações aos robôs para retirarem os contaminantes detetados nas linhas de triagem.
A SentinelConcept, empresa tecnológica portuguesa criada em 2020 para desenvolver soluções inovadoras em visão computacional e inteligência artificial (IA), dirigidas especialmente ao setor industrial, apostou, logo no ano seguinte, no Sentinel Smart Sorting. Um projeto centrado na separação automática de materiais (resíduos), apoiado e co-financiado pela Sociedade Ponto Verde e cuja aplicação prática tem como parceiro inicial a Resinorte, que realiza, para mais de trinta municípios, a gestão de triagem, recolha, valorização e tratamento de resíduos urbanos.
Dois em um
O sofisticado software entretanto desenvolvido está em adiantada fase de testes finais no Centro de Triagem da Resinorte em Riba de Ave, envolvendo a linha de triagem de embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL). E com uma vantagem muito relevante: o Sentinel Smart Sorting permite realizar a triagem manual e automática em simultâneo.
“Estamos a identificar contaminantes na linha de ECAL e todos os indicadores apontam no mesmo sentido – o da fiabilidade do nosso sistema”, avança Álvaro Oliveira, Project Development Manager da Sentinel, de que é cofundador a par de Joel Alves, o responsável pela área comercial.




Dez anos de IA
Somando o tempo que precedeu a criação da empresa, a equipa da Sentinel apresenta atualmente nas suas credenciais dez anos de experiência na área da IA e da visão artificial ao serviço da indústria. No seu portefólio contam-se soluções de engenharia e sistemas de inspeção de componentes, designadamente, para a indústria automóvel. “Estávamos muito habituados a trabalhar com câmaras e modelos de IA, e houve um momento em que vimos aqui, no campo da separação dos resíduos, uma oportunidade de trazer e potenciar esse know-how. A Sentinel nasce, justamente, da vontade de adaptar este tipo de tecnologia, criando um sistema automático para a separação de resíduos baseado em IA”.
A preferência pelo parceiro Resinorte para o desenvolvimento do projeto Sentinel Smart Sorting foi uma escolha natural. “Quando criámos a empresa, cedo percebemos que o mercado ligado ao tema da economia circular e, concretamente, da reciclagem estava a crescer. Ora, estando nós sediados no Ave Parque, decidimos abordar um parceiro de referência no setor e muito próximo geograficamente. Tudo isso nos levou à Resinorte. Com muita facilidade vamos lá, recolhemos dados, instalamos as coisas. Torna-se tudo muito ágil”.
A diferença está no preço
No contexto atual, a área de separação de resíduos tem alguns sistemas tecnologicamente equiparáveis ao Sentinel Smart Sorting, “mas claramente menos competitivos no pricing”, argumenta Álvaro Oliveira. “Desde logo porque utilizam câmaras hiperspectrais, que são muito caras, a que se somam outros custos consideráveis com outros componentes, como é o caso dos robôs”.
A grande diferença, sublinha o Project Development Manager e cofundador da Sentinel, “está no software que desenvolvemos. Uma solução de IA que nos permite, com uma câmara de vídeo normalíssima, otimizar em praticamente 90% a deteção de contaminantes na triagem de resíduos”.
Moral da história: com o Sentinel Smart Sorting, é possível “democratizar” (leia-se afirmar) uma tecnologia amiga da economia circular.
Este é um projeto apoiado e cofinanciado pela Sociedade Ponto Verde no âmbito do seu Programa de I&D