Eficiente e à prova de desperdício: uma embalagem pronta para a indústria alimentar
Uma solução que reduz o desperdício em toda a cadeia de valor. Esta é a grande mais-valia, em termos de sustentabilidade, da embalagem Seaclic Box Bio, da empresa de packaging Storopack e cuja inovação lhe valeu o primeiro lugar no concurso Ocean’s Calling, promovido pela Sociedade Ponto Verde, em 2020, no âmbito de uma iniciativa desenvolvida no projeto Oceanwise, cofinanciado pelo INTERREG.

Esta embalagem nasce como uma alternativa ao uso de poliestireno expandido (EPS), comumente conhecida como esferovite, no acondicionamento e transporte de peixe. Sendo o pescado um produto muito sensível, carece de ser embalado em materiais que garantam o devido isolamento, mas que sejam, ao mesmo tempo, leves e ofereçam um elevado nível de higiene.
O que acontece atualmente é que o EPS é reciclável, mas apenas com aplicações para outros fins que não os alimentares. Neste contexto, colocou-se a necessidade de identificar materiais alternativos, mais sustentáveis, que reduzam o desperdício, mas sejam igualmente eficazes.
Anthony Mahe, Innovation and Sustainability Manager Europe da Storopack, explica que “o EPS é um material muito eficiente em termos de isolamento para garantir a preservação dos alimentos a longo prazo e, portanto, evitar o desperdício alimentar”: “Na Europa, é bem reciclado, mas, quando enviamos embalagens para fora do continente, não sabemos como são descartadas, pelo que era importante encontrar uma solução para este fluxo específico.”
A resposta da Storopack foi esta embalagem, premiada em 2020, feita a partir de matéria-prima de base biológica, renovável e compostável. Oferece propriedades muito idênticas à do EPS, quer do ponto de vista do isolamento, quer do ponto de vista mecânico.
De acordo com Anthony Mahe, a Seaclic Box Bio foi criada para reduzir o impacto ambiental de toda a cadeia de valor, na medida em que a compostagem pode ocorrer no próprio supermercado, desta forma, diminuindo a pegada de carbono associada ao transporte dos resíduos de EPS.
Para chegar a esta ideia, a empresa envolveu precisamente toda a cadeia de valor, tendo promovido reuniões com os departamentos de vendas, produção e com os próprios clientes, de modo a chegar à melhor embalagem. Além disso, a equipa de I&D passou muito tempo com os próprios atores da indústria da pesca, observando o trabalho que desenvolvem e testando algumas soluções. E neste sentido afirma que o prémio foi “o reconhecimento de todo o esforço de I&D para propor ao mercado uma solução mais sustentável”.
A solução teve na sua génese uma necessidade concreta da indústria do pescado, mas, de acordo com o porta-voz da Storopack, pode ser usada noutros mercados.
Aliás, durante dois anos, foi usada na embalagem de produtos mel, em parceria com uma empresa francesa, a Famille Mary.

No entanto, o projeto deparou-se com um obstáculo: a matéria-prima biológica utilizada na embalagem é difícil de transformar, o que eleva os seus custos a um nível excessivo para a indústria de pescado. Anthony Mahe partilha, ainda, que não foi possível obter um volume de matéria-prima suficiente para alavancar a produção da embalagem. O fornecedor deixou, mesmo, de a produzir.
Contudo, a Storopack tem prosseguido neste caminho de inovação sustentável, desenvolvendo uma nova embalagem que vem fechar o ciclo no que toca à utilização de EPS: o EPS 100% reciclado. O rEPS, como se designa, prova, segundo a empresa francesa, que este material é 100% reciclável e que pode ser 100% reutilizável na produção de novas embalagens, sem qualquer compromisso das suas propriedades. Neste caso, a sustentabilidade e a eficiência são indissociáveis.